sexta-feira, 15 de junho de 2018

Lembranças dolorosas



ESCRITA POR SHAUNNE WHATERSON

Iniciada em 08/06/2018
Terminada em 10/06/2018
Idioma: Português
Terminada: Sim
Categorias: Original.
Gênero: Drama.


Ouço minha mãe e sua amiga conversando no escritório.
-Então,foi uma confusão, a mãe do ex marido da Tati que já morreu matou o marido dela porque o filho  que era o ex não suportou a morte dela e estava se drogando.  Ouvi minha mãe dizer do escritório, com o tom de voz confuso e assustado.
  -É um tanto estranho na verdade, mas não tenho dúvidas que aquela mulher o tenha matado, ela sempre foi um pouco louca da cabeça. Mas, o mais suspeito, é que antes dele morrer, ele e o ex da minha filha Tati se encontraram numa festa e os dois brigaram tanto que foram expulsos de lá muito machucados.
  Me aproximo silenciosamente do escritório ao perceber que o tom de voz delas estão abaixando.
  Ouço alguém suspirar.
  -É algo tão triste de se viver, sabe? Ele aparentava ser alguém tão bom, o Pedro. Ele e a Tati estavam se dando tão bem, faziam tantos planos juntos. Ouvi dizer a voz tristonha de Sueli.
  -Mas eles estão juntos agora, Sue, como a amiga dela disse, Tati está sorrindo feliz ao lado de seu amado no paraíso.
  -É verdade, mas eu quero saber o que aconteceu. Como alguém pode matar dessa maneira e sair impune? Por que esta história está tão confusa?
  -Se foi ela mesma (a sogra) ou outra pessoa, já que não temos certeza absoluta, quem foi que fez isso vai pagar caro, no tempo certo ele pagará o preço.
  -Assim eu espero. Dizia Sueli que conversava com minha mãe. Ela já vivera muitas tragédias, como a do irmão que também teve uma morte trágica, foi vítima de um acidente de carro que o matou instantaneamente, há apenas alguns meses.
  Lembro-me quase todos os dias das imagens do vídeo que um senhor filmou mostrando os cacos de vidro no chão da rua, e logo acima o carro com Tiago dentro, sentado com a cabeça jogada para trás e o rosto todo desmontado. O pior de tudo era que tinha sido no carro em que ele vendia doces e brinquedos que sempre comprávamos, inclusive guardo algumas coisas até hoje como lembrança.
  -Uma lembrança muito vaga me veio agora, diz Sueli. Foi quando me avisaram que ele havia morrido. Eu estava no trabalho e era umas 20:30 da noite, até que a minha irmã me ligou dando a notícia, ela gritava no telefone "Ele morreu”.
 -Neste exato momento estou sentindo que minha filha, a Tati, não está mais sozinha, seu marido está com ela. Algo em meu coração se derramou e me deixou mais leve, explicava Su:
- Graças a Deus! Disse minha mãe com a voz bem firme.
Eu tinha certeza de que a última coisa que eu e minha mãe queríamos era uma mulher chorando por seus problemas pessoais.
  Porque, acredite ou não, mas teve uma época em que todos os dias alguém vinha desabafar aqui em casa. Talvez pelo fato de que fazemos parte das raras pessoas que demonstram educação, confiança ou também porque meus pais são amigáveis e dão bons conselhos.
  Mas pelo que eu estava entendendo do papo das madames, pensei em como a vida da Su era um tanto assustadora. Por exemplo, as aparições de sua filha depois de morta nos sonhos dizendo para "ir morar com ela". Ou então o pequeno e medonho fato de que ninguém da família dela viveu além dos 40 anos de idade, somente seu avô e seu pai e, por esse motivo, quando ela foi completar 40 anos fez uma carta de despedida para seus irmãos, mas o máximo que conseguiu foi tropeçar e em vez de morrer  ficou internada e com o nariz quebrado.
Quando sua filha Tati morreu atropelando um cavalo numa madrugada voltando de uma festa em que havia consumido bebidas alcoólicas.  Sueli ficou devastada, impactada a ponto de nenhuma lágrima rolar em seu rosto sofrido. Vocês conseguem perceber o quanto é difícil ser ela? E o mais impressionante é que, cara, ela já sofreu tanto e continua forte e sem desistir da vida.
 É algo tão incrível e, ao mesmo tempo, tão triste da parte dela. Mas eu a compreendo por aparentar ser uma pessoa fria assim ao ponto de não demonstrar seus sentimentos. Pois sempre que ela era presenteada com algo, a vida fazia ela pagar um preço grande demais. Como quando sua outra filha nasceu e morreu dias depois e, em seguida, sua mãe faleceu de câncer no estômago, deixando 5 irmãos pequenos para ela cuidar e, depois de ela perder a filha, perder o genro baleado no pescoço.
Sueli ainda sofreu com a separação ao expulsar seu marido pondo fogo em suas coisas, pois descobriu que era um bêbado e drogado, um inútil. Tudo tão trágico, que volto para o meu quarto e começo a escrever um livro do que ouvi.
  Alguns minutos depois dela ter ido embora, começo a pensar em tudo que havia acontecido em sua vida e, em como os demônios realmente existiam. Se eu fosse uma pessoa firme e ao mesmo tempo fria, desejaria ser forte como ela caso acontecesse algo em minha história, mas eu sou fraca. Pois todos os dias eu choro e me arrependo de não ter agido para impedir que tudo de ruim na minha vida tivesse ocorrido.
  Acontece que de uns dias para cá vem me acontecendo coisas que estão me dando meio que um dom de querer mudar, ou seja, eu quero me tornar um ser humano melhor, crescer e virar uma pessoa que ajuda os outros, que age antes da merda acontecer, e não que fica olhando para o passado chorando para as escolhas que fez. O que aconteceu, aconteceu, não tem cabimento se lamentar por isso.
  Por isso escrevo essa história, para provar que tem sim como nos tornar pessoas melhores, e que nada jamais pode nos fazer desistir de mudar!

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