segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Quando a vi

Todas as vezes que a vi, percebi sua tristeza, seu olhar vazio, seus movimentos lentos, sabia que não devia tocar no assunto e tratei -a com toda delicadeza possível, sabendo que as dores, por mais diferentes que sejam, doem do mesmo jeito. Senti-me revoltada, não podia  ajudá-la, pois estava quebrada por dentro, habitava em mim,  sombras dolorosas de minhas dores e algumas alegrias. Queria estender minha mão e dizer que tudo ficaria bem, mas você sabe que eu não posso garantir isso.
Abraçá-la, afagar seus cabelos e fingir uma segurança que, há muito, fui privada e, tentar com isso, animá-la a acreditar que isso passa...
Quisera eu mudar as coisas... Não posso   afirmar que haja superação, não há como superar. Temos que aprender e aproveitar a lição de tudo isso. Estou aqui, sempre estarei aqui e, mesmo que não esteja, contrariando tudo, estarei. 
Soneto do amigo


Enfim, depois de tanto erro passado 
Tantas retaliações, tanto perigo 
Eis que ressurge noutro o velho amigo 
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado 
Com olhos que contêm o olhar antigo 
Sempre comigo um pouco atribulado 
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano 
Sabendo se mover e comover 
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

Vinicius de Moraes

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