E tenho tanto orgulho
O sofrimento é grande
Sou Mulher, preta e pobre
A cor da minha pele rege a minha vida
Ralar mais, estudar mais, ser mais
Exigências de um lugar ao sol
Que escurece também ao pôr do sol
Olhares de desprezo (quantos)
Ditos de chacota (quantos)
Ao sinal de fraqueza humana
"Não aguenta, coitada, é preta
É preguiçosa da canela fina
Seu cabelo desgrenhado
É motivo de chacota
Para que serve se é ruim e armado?"
Piadas a vida inteira
E a doce e nojenta mentira
Como se consolo fosse
"Você não é negra, é morena"
Quantas professoras, engenheiras
E médicas negras você conhece?
Poucas, não é?
A cota da universidade
Dizem que discrimina o negro
Mas não contam os séculos
Que estamos à margem
Somos muitos e somos menos
A dor de tantos não amolece o coração de muitos
Por que ter dó se não servem pra nada?
Tudo ladrão viciado
De péssimos hábitos
E logo mostram porque valemos tão pouco
Pra que casa, carro, luxo?
Dizem que não preciso de tanto
Um teto e uma TV
É tudo que preciso, dizem
Triste mundo onde morremos como moscas
Porque não valemos nada
Negra????
Vai ganhar as ruas, ouvi
Seria o ápice de minha vida
Sou tinhosa, ninguém limita o que posso
Ninguém sabe a minha força
Ninguém sabe como luto
Para poder escrever aqui
E deixar a mensagem que quero
Sou negra sim
E cada célula do meu corpo
Vale mais do que você
Que lê isso e pensa "bobagem"
Embora não conheça minhas cicatrizes
E por tudo que passei e passarei
Para garantir meus plenos direitos
Vista minha pele por um dia
Note a diferença e chore...
ROSÂNGELA FERREIRA LUZ 19/11/2015
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