terça-feira, 23 de setembro de 2008

HISTÓRIA - Guerra do Paraguai

Guerra do Paraguai
Tríplice Aliança entre Argentina, Brasil e Uruguai
Renato Cancian*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Combate de Riachuelo, óleo de Vítor Meireles
Durante o período monárquico, o Brasil se envolveu em três conflitos internacionais com países fronteiriços situados ao Sul, na região Platina. A Guerra do Paraguai, porém, foi o mais longo e violento. Começou em 1864 e terminou em 1870, com a derrota do Paraguai para os países que formaram a chamada Tríplice Aliança: o Brasil, a Argentina e o Uruguai. A principal causa da guerra está relacionada às tentativas do governo do ditador paraguaio, Francisco Solano López, de colocar em prática uma política expansionista, com objetivo de ampliar o território do seu país, apossando-se de terras dos países vizinhos.Solano López pretendia formar o Grande Paraguai, a partir da invasão e anexação do Uruguai, de partes do território argentino e das províncias brasileiras do Rio Grande do Sul e Mato Grosso.

O Grande Paraguai

De todos os países da América Latina, o Paraguai se destacava por sua independência econômica e desenvolvimento industrial. Desde o governo do presidente Gaspar de Francia (1814-1840), os governantes que o sucederam adotaram uma política nacionalista, cuja principal característica foi a busca da auto-suficiência econômica.O país conseguiu com sucesso desenvolver um setor industrial bastante avançado e diversificado, sem depender de recursos financeiros estrangeiros, sobretudo do capital inglês. Produzia internamente tecidos, papel, tinta, louça e pólvora, e até mesmo os materiais bélicos empregados pelo Exército nacional. Possuía ferrovias, linhas telegráficas e uma frota mercante. O Estado paraguaio controlava as principais atividades econômicas e dispunha de uma moeda forte que era a base da riqueza da nação. Politicamente o país também se distinguia dos demais. A oligarquia agrária havia sido aniquilada. Quase a totalidade do território paraguaio era de domínio público, sendo que as terras foram cuidadosamente distribuídas aos camponeses para que pudessem ser povoadas e exploradas de forma permanente.
O estopim do conflitoNo Paraguai, havia sido criado o serviço militar com base no recrutamento obrigatório. E, desde sua independência, os governantes paraguaios afastaram o país dos conflitos armados na região Platina. Essa política isolacionista chegou ao fim com o governo do ditador Francisco Solano López. Em 1864 o Brasil estava envolvido num conflito armado com o Uruguai. Havia organizado tropas, invadido e deposto o governo uruguaio do ditador Aguirre, que era líder do Partido Blanco e aliado de Solano López. O ditador paraguaio se opôs à invasão brasileira do Uruguai, porque contrariava seus interesses.Como retaliação, o governo paraguaio aprisionou no porto de Assunção o navio brasileiro Marquês de Olinda, e em seguida atacou a cidade de Dourados, em Mato Grosso. Foi o estopim da guerra. Em maio de 1865, o Paraguai fez várias incursões armadas em território argentino com objetivo de conquistar o Rio Grande do Sul. Contra as pretensões do governo paraguaio, o Brasil, a Argentina e Uruguai reagiram, firmando o acordo militar chamado de Tríplice Aliança.
As batalhas da Guerra do ParaguaiA guerra do Paraguai durou seis anos em que se travaram várias batalhas. As forças militares brasileiras, chefiadas pelo almirante Barroso, venceram a batalha do Riachuelo, libertando o Rio Grande do Sul. Em maio de 1866, ocorreu a batalha de Tuiuti, que deixou um saldo de 10 mil mortos, com nova vitória das tropas brasileiras.Em setembro, porém, os paraguaios derrotam os tropas brasileiras na batalha de Curupaiti. Desentendimentos entre os comandantes militares argentinos e brasileiros, levaram o imperador dom Pedro 2° a nomear Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, para o comando geral das tropas brasileiras. Ainda assim, em 1867, a Argentina e o Uruguai se retiram da guerra. Ao lado de Caxias, outro militar brasileiro que se destacou na campanha do Paraguai foi o General Osório.Sob o comando supremo de Caxias, o exército brasileiro foi reorganizado, a partir da obtenção de mais armamentos e suprimentos, o que aumentou a eficiência das operações militares. Fortalecido e sob inteiro comando de Caxias, as tropas brasileiras venceram sucessivas batalhas que foram decisivas para a derrota do Paraguai. Destacam-se as batalhas de Humaitá, Itororó, Avaí, Angostura e Lomas Valentinas.
Vitória brasileiraNo início de 1869, o exército brasileiro tomou Assunção, capital do Paraguai. A guerra chegou ao fim em março 1870, com a Campanha das Cordilheiras. Foi travada a batalha de Cerro Corá, ocasião em que o ditador Solano López foi perseguido e morto.Vale lembrar que, a essa altura, Caxias considerava a continuidade da ofensiva brasileira uma carnificina e demitiu-se do comando do exército, que passou ao Conde d'Eu, marido da princesa Isabel. A ele coube conduzir as últimas operações.
Consequências da guerraPara o Paraguai, a derrota na guerra foi desastrosa. O conflito havia levado à morte cerca de 80% da população do país, na sua maioria homens. A indústria foi arrasada e, com isso, o país voltou a dedicar-se a produção agrícola. A guerra também levou a um custoso endividamento do Paraguai com o Brasil. Essa dívida foi perdoada por Getúlio Vargas, quase meio século depois.Ainda assim, o Paraguai jamais recuperou sua riqueza e produção industrial. Além disso, os encargos da guerra e as necessidades de recursos financeiros, levaram o país a dependência de capitais estrangeiros. Mas a guerra do Paraguai também afetou o Brasil. Economicamente, o conflito gerou muitos encargos e dívidas que só puderam ser sanados com empréstimos estrangeiros, o que fez aumentar a dependência e dívida externa brasileiras. Não obstante, o conflito armado levou à modernização e fortalecimento institucional do Exército brasileiro.Com a maioria de seus oficiais comandantes provenientes da classe média urbana, e seus soldados recrutados entre a população pobre e os escravos, o exército brasileiro tornou-se uma força política importante, apoiando os movimentos republicanos e abolicionistas que levaram ao fim do regime monárquico no Brasil.

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